A 64ª edição do Prêmio Jabuti, a mais importante premiação nacional do livro, recebe, de forma inédita, o grafite urbano presente em toda sua identidade visual. O estilo de arte que expressa a manifestação artística, democrática e mais popular foi escolhido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a organização do Prêmio Jabuti também como forma de celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo.
Seis artistas foram convidados para imprimir suas marcas no conceito visual desta edição do evento, que acontecerá no dia 24 de novembro, a fim de representar todas as regiões geográficas do Brasil. São eles: Raiz Campos, do Amazonas (Norte); Ciro Schu, de São Paulo (Sudeste); Rafael Jonnier, de Cuiabá (Centro-Oeste), Marcelo Pax, do Rio Grande do Sul (Sul), e Tereza de Quinta e Robézio, representantes do Ceará (Nordeste). O conceito da 64ª edição reconhece o lugar da arte do grafite como uma atitude antropofágica capaz de mover o pensamento e as artes.
A representação da mulher e do folclore brasileiro foram as inspirações buscadas pelo coletivo Acidum Project, do Ceará, para ilustrar peças gráficas do Prêmio Jabuti. A artista Tereza de Quinta é de Caucaia (CE) e Robézio, de Fortaleza. Os dois pintam juntos há 11 anos. Robézio criou o Acidum Project em 2006, coletivo que já rompeu as barreiras continentais e passou por nove países, pintando murais e telas, incluindo recentes projetos no Líbano e Egito.
O paulista Ciro Schu usou como sua maior inspiração os traços e signos dos povos originários das Américas. O grafiteiro procura mesclar símbolos e grafias diversas muito particulares, que misturam a arte milenar e tradicional com expressões da vida contemporânea, desde os anos 90. O artista nasceu em Osasco (SP) e sua arte é encontrada em muros, edifícios e galerias de São Paulo e outras cidades. Também já esteve representada fora do país, em exposições coletivas nos Estados Unidos, França, Espanha, Inglaterra e Portugal.
Já a inspiração para o grafiteiro Raiz pode ser atribuída à Vila do Pitinga e à Reserva Indígena Waimirim Atroari, na Floresta Amazônica. Nascido na Bahia, com nome de batismo Raí Campos, ele se mudou para o Amazonas com apenas três meses. O artista escolheu para o Prêmio Jabuti uma pintura exposta no começo deste ano na mostra coletiva Cheia das Artes, realizada em Manaus, que homenageia e valoriza as mães indígenas, reunindo o grafite e a cultura amazônica.
Espiritualidade, natureza e regionalidade. Essas podem ser definidas como as marcas inspiradoras que marcam os grafites do mato-grossense Rafael Jonnier. Seu primeiro contato com a arte foi quando tinha apenas oito anos de idade e restaurou uma bicicleta. Na adolescência, fez cursos de artes gráficas. Se formou em Design de Interiores e é autodidata em Artes Plásticas. Seu traço ficou marcado nas ruas do Centro Histórico de Cuiabá com o personagem Pescador de Sonhos.
A representatividade da arte de Marcelo Pax é bem forte e marcante no Sul. O grafite de cores vibrantes que sempre apresenta seu personagem principal traz um estilo muito particular, um universo quase lúdico, que está presente nas ruas de Porto Alegre e outras cidades do país. Seu trabalho já ultrapassou as fronteiras e esteve na Espanha, França, Holanda, Itália e Alemanha. Com 20 anos de carreira, Marcelo Pax se orgulha de atuar numa área que sempre sonhou, com liberdade e distante dos formatos tradicionais de trabalho.
Esta edição do Prêmio Jabuti marcará o retorno presencial do evento, que acontecerá no Theatro Municipal de São Paulo, local que também já abrigou a Semana de Arte de 1922. Ao celebrar esse centenário, a CBL e a organização do Prêmio Jabuti relembram os vínculos da premiação com o modernismo e o nacionalismo, valorizando a cultura popular brasileira e o reconhecimento de todas as raízes, com destaque para as heranças indígenas e africanas.
O conceito da 64ª edição, produzido pela agência Via Impressa, reconhece o lugar da arte do grafite como uma atitude antropofágica capaz de mover o pensamento e as artes. É o estabelecimento do grafite como expressão cultural e artística de valor transformador da contemporaneidade, capaz de evocar, mirando o futuro, a inclusão e a interação como parte de seu posicionamento de “prêmio de todas e todos para todos e todas!”.
Durante o evento, que será fechado para convidados, mas terá transmissão pela internet, através do canal oficial do Youtube da CBL, serão anunciados os vencedores das seguintes categorias: Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação.
Realizado desde 1958, o Prêmio Jabuti, patrimônio cultural do país, é responsável por reconhecer e divulgar a potência da produção nacional, com a valorização de cada um dos elos que formam a cadeia do livro, dialogando com os diversos públicos leitores e, junto com eles, assimilando as mudanças da sociedade.
Mais informações, acesse: https://www.premiojabuti.com.br/
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