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Pinacoteca recebe primeira grande mostra panorâmica do artista Chico da Silva

 A exposição Chico da Silva e o ateliê do Pirambu ocupa a principal galeria expositiva da Pinacoteca Luz a partir do dia 4 de março

Chico da Silva, Sem título, 1984, guache sobre tela. Acervo da Pinacoteca de São Paulo, doação da Galeria Galatea, 2022

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta a primeira grande mostra panorâmica do artista Chico da Silva (região do Alto Tejo, Acre, 1910 ou 1922/23 -- Fortaleza, Ceará, 1985), com abertura no dia 4 de março. 

Chico da Silva e o ateliê do Pirambu ocupa a principal galeria expositiva da Pinacoteca Luz e convida o público a conhecer o legado do artista que foi um dos responsáveis por transformar o cenário artístico cearense a partir da década de 1940, com suas composições fabulares repletas de monstros mitológicos, animais fantásticos e outros personagens. Com curadoria de Thierry de Freitas, a mostra apresenta 124 trabalhos produzidos entre 1943 e 1984.

A exposição é a mais abrangente já realizada por uma instituição sobre o artista, reunindo um conjunto de importantes obras da trajetória de Chico da Silva, como Caboclo peruano, parte do singular grupo de desenhos realizados entre 1943 e 1944, emprestados da coleção da Pinacoteca do Ceará. 

A obra foi pintada no período em que se deu o encontro do artista com Jean Pierre Chabloz, crítico e artista Suíço, que primeiro se interessou pelos desenhos que Chico da Silva realizava livremente em muros de casas da região da Praia Formosa, em Fortaleza. Ao “descobrir” o então jovem artista, Chabloz fornece o material necessário para Chico criar trabalhos que posteriormente seriam comercializadas em lugares como Genebra, Lausanne e Lisboa. As principais obras desse período abrem a exposição. 

Um hiato na produção de Chico acontece entre 1948 e 1960, período em que Chabloz esteve fora do Brasil. O artista não conseguiu seguir sozinho com a venda dos trabalhos e praticamente abandonou a carreira de pintor, a retomando apenas com a volta do crítico ao país, no final da década de 1950. 

A produção deste período está representada por um grupo de obras da coleção do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC/UFC) -- local em que Chico chegou a trabalhar no início da década de 1960, dentre as quais três foram agraciadas, em 1966, com a menção honrosa na Bienal de Veneza: A sereia e os dragões, Os pertences do índio Guimarães e Os peixes de Vênus. 

A exposição Chico da Silva e o ateliê do Pirambu tem patrocínio da B3 - A bolsa do Brasil, na cota Platinum, e Credit Suisse, na cota Bronze. 

O ateliê do Pirambu 

Por volta de 1963, Chico passa a trabalhar com auxílio de ajudantes, inicialmente crianças e adolescentes do seu bairro. Ao mesmo tempo em que ensinava suas técnicas para esses jovens, o artista incorporava sugestões e métodos trazidos por eles. 

No ateliê do Pirambu, surge uma produção em grande escala feita em parceria e coordenada pelo mestre. Os painéis exibidos na segunda sala representam o auge da manufatura realizada pela escola. Neles é possível visualizar, em grandes dimensões, os dragões, pássaros, serpentes e outras criaturas fantásticas, quase sempre figuradas em posição de ataque. 

Enquanto a criação de um ateliê foi um dos principais fatores responsáveis pela difusão do trabalho do artista, a descoberta de uma manufatura coletiva pode ser indicada como causa de uma desvalorização comercial do trabalho na década de 1970. 

Na mostra da Pinacoteca, optou-se não apenas por assumir a importância do ateliê, mas por dar visibilidade aos artistas que o integraram, com a exposição de obras de ao menos cinco nomes: Babá (Sebastião Lima da Silva), Chica da Silva (Francisca Silva), Claudionor (José Claudio Nogueira), Garcia (José dos Santos Gomes) e Ivan (Ivan José de Assis). 

Com a prática da produção coletiva, as obras que recebiam a assinatura de Chico foram ganhando novas características a partir da contribuição dos integrantes da escola, como aponta o pesquisador Roberto Galvão: Claudionor desenvolveu um universo de tipos fixos; Ivan de Assis agrega ao imaginário de Chico elementos novos, como os animais alados; Babá, teve grande influência em toda a produção artística da Escola do Pirambu. 

A filha de Chico, Chica da Silva, introduziu rosáceas e borboletas. Esses elementos podem ser vistos em obras reunidas em uma grande composição de quadros expostos na sexta sala. 
"Sempre figurativa, a pintura e os desenhos de Chico apresentam corpos preenchidos por cores diversas e pontilhismos, e é comum que fundo e figura se mesclem. A partir do momento em que passam a ser produzidas em ateliê, as pinturas ganham um refinamento técnico e surgem novos personagens. Ao longo dos anos, a oficina criada por Chico foi tratada de forma dúbia pelo próprio artista. Apenas em 1977, em um evento realizado no Salão de Abril, Chico assumiu a existência do grupo. Sob coordenação do pintor, os cinco artistas realizaram em conjunto um grande painel. O registro da ação está presenta na exposição através de fotos e de um vídeo super-8”, conta o curador. 

Diversas pessoas contribuíram para a construção do trabalho de Chico, que aos poucos extrapolou seu lugar de pintor e se tornou uma maneira de pintar, à época criando um estilo reproduzido por uma massa de autônomos no bairro do Pirambu, que teria na comercialização das obras a sua principal fonte de renda. 

O imaginário criado pelo pintor vem sendo reproduzido até os dias de hoje, como é possível observar em uma pintura feita por Garcia em 2022. Em renovado interesse pela vida e obra do artista, Chico da Silva e o ateliê do Pirambu percorre o legado de um dos primeiros artistas brasileiros de origem indígena a alcançar destaque no cenário nacional e no exterior. 

Sobre o artista

Chico da Silva (região do Alto Tejo, Acre, 1910 ou 1922/23 -- Fortaleza, Ceará, 1985) foi um dos principais artistas sem treino artístico do Brasil na segunda metade do século XX. Seus trabalhos consistem em composições figurativas fabulares que apresentam seres mitológicos, animais fantásticos e personagens preenchidos por pontilhismo e fundos amplamente trabalhados. O artista funda o Ateliê do Pirambu na periferia de Fortaleza, em 1963, e dá início a um processo de produção coletiva que se tornaria uma grande manufatura. Da Silva participou de importantes mostras, como a Bienal de São Paulo em 1967, e teve três trabalhos agraciados com menção honrosa na Bienal de Veneza, em 1966.

Serviço:

Chico da Silva e a Escola do Pirambu: 04.03.2023 a 28.05.2023

Período: 04.03.2023 a 28.05.2023
Local: Pinacoteca Luz - Praça da Luz, 2 - Luz, São Paulo - SP.
Funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
Ingresso: Inteira, R$20,00 -- meia: R$10,00

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