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IMS Paulista inaugura exposição de Iole de Freitas com obras da década de 1970

A mostra, que abre no sábado (6 de maio), reúne fotos e filmes dos tempos em que a artista viveu em Milão, Londres e Nova York. Pouco conhecidas pelo público brasileiro, as obras também abordam temas como o movimento e a passagem do tempo

Imagens da sequência Glass Pieces, Life Slices [Cacos de vidro, Fatias de vida], Milão, 1975. Coleção Iole de Freitas

Os trabalhos dessa fase inicial da carreira da artista são o foco da exposição Iole de Freitas, anos 1970 / Imagem como presença, que o IMS Paulista inaugura no sábado (6 de maio), com uma conversa entre a artista e a curadora da mostra Sônia Salzstein, professora de história e teoria da arte e diretora do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, mediada por João Fernandes, diretor artístico do IMS. A mostra, que tem assistência de curadoria do pesquisador Leonardo Nones, traz uma seleção de 16 sequências fotográficas, 9 filmes e 3 instalações, sendo a maioria pouco conhecida ou até mesmo inédita para o público brasileiro.

 

Sobre o período abarcado pela mostra, a curadora comenta: “A radicalidade do debate político europeu da época coincidia com as primeiras experiências da arte conceitual e da body art e com manifestações em que os afetos e as vulnerabilidades do corpo do artista eram questões cruciais. A década de 1970 testemunha a vibrante presença de Iole e, em geral, de artistas mulheres no circuito de arte mais arrojado do período e, não por acaso, ela comparecia em exposições ao lado de outras artistas pioneiras na exploração da imagem fílmica em seus trabalhos.”
 

Entre as obras presentes, está a série fotográfica Spectro (1972), composta por três imagens da artista, tomadas por ela mesma em ambientes domésticos, como o interior de sua casa ou ateliê. As fotografias mostram Iole a partir de diferentes ângulos, numa investigação dos gestos e formas de um corpo que parece se recusar a ser enquadrado ou domesticado pela câmera, e que interroga múltiplas possibilidades de autorrepresentação.

 

Os temas da luz, da leveza e da transparência, presentes em Spectro, também aparecem nas séries Jump to the Other Side and Win a Red Kimono (1973), na qual a imagem de Iole é capturada no reflexo de uma janela, e Roots (1973), que registra os pés da artista.

 

Outro destaque é a série Glass Pieces, Life Slices (1975), apresentada na Bienal de Paris. Nas fotografias, a artista interage com espelhos, objetos que, assim como a câmera, capturam e cortam sua imagem, num jogo de representações que revelam e ao mesmo tempo escondem a figura da artista.

 

A mostra traz ainda os filmes Elements (1972), Light Work (1972) e Exit (1973), registrados em super-8. A poética do corpo também é o cerne desses trabalhos, como pontua Salzstein: “Os versáteis aparelhos super-8, então saudados por artistas por sua leveza e mobilidade, eram experimentados por Iole como extensões de seu corpo, e marcavam o surgimento de uma série de registros audiovisuais dos quais seu corpo emergia potencializado e envolvente, em fragmentos múltiplos, mediante uma linguagem da luz e da presença. Junto à exploração da imagem em movimento, que lhe permitia adentrar espaços densos e complexos, atravessados por sombras e reflexos, Iole lançou-se, ao longo daqueles anos, ao registro fotográfico do próprio corpo, sempre interrogando um mais além, em performances despojadas, silenciosas, sem audiência, nas quais frequentemente é possível flagrar o ato da artista acionando o disparador do aparelho fotográfico.”

 

Serão reconstituídas três instalações para a exposição: Glass Pieces, Life Slices, originalmente apresentada na Galeria Giancarlo Bocchi (Milão), em 1976; EXIT, obra realizada para a individual da artista na Galeria Marconi (Milão), em 1977; e, por fim, Cacos de vidro, fatias de vida, que explora projeções de slides da série Glass Pieces, Life Slices sobre lâminas de vidro, remetendo ao trabalho dedicado à 16a Bienal de São Paulo, de 1981.

 

Ao reunir a produção de Iole da década de 1970, a exposição evidencia a potência dessas obras que, vistas sob a luz dos debates contemporâneos, continuam suscitando novas questões e perspectivas. Ao visitar a exposição, o público poderá conhecer um período central na trajetória da artista, no qual ela começa a explorar temas como o movimento e a transparência, que viriam marcar toda a sua obra posterior.


Catálogo

O IMS lançará um catálogo da exposição. A publicação trará, além do registro dos trabalhos presentes na mostra e do ensaio da curadora, textos dos ensaístas Eucanaã Ferraz e Paulo Venancio, produzidos especialmente para o evento. Reúne, também, uma coletânea de ensaios de época, alguns deles inéditos em versão brasileira, de diversos autores, entre eles renomadas críticas feministas que propuseram abordagens instigantes do trabalho de Iole, como Annemarie Sauzeau-Boetti, Barbara Radice, Lea Vergine e Lucy Lippard.

 

Exposição no Instituto Tomie Ohtake

Ainda em 2023, entre os dias 8 de julho e 17 de setembro, Iole de Freitas inaugura outra exposição na cidade de São Paulo. Iole de Freitas: colapsada, em pé, com curadoria de Paulo Miyada, será uma mostra organizada em torno de uma nova instalação de grandes dimensões que ocupará o Grande Hall do Instituto Tomie Ohtake. Produzida com tubos metálicos e placas de policarbonato usados anteriormente como partes de instalações feitas pela artista nos últimos 20 anos, a nova peça apoia-se sobre o solo e se ergue como um abrigo aberto com movimento. A artista empregou a dança como modo de apreensão do espaço e concepção da forma, retomando essa linguagem pela primeira vez desde a década de 1960 -- fragmentos filmados desses ensaios serão incorporados a duas videoinstalações inéditas. Dessa forma, as duas mostras, que ficarão durante quase três meses em cartaz simultaneamente, tangenciam-se: no IMS, Iole de Freitas apresenta uma parte de sua história reelaborada por uma instalação contemporânea e, no Instituto Tomie Ohtake, abre novos caminhos ao reprocessar elementos constitutivos de sua trajetória, como a dança e a matéria de suas instalações.

 

Sobre a artista

Nascida em Belo Horizonte (MG), em 1945, Iole de Freitas mudou-se aos seis anos para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua formação em dança contemporânea. Estudou na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), cidade em que hoje vive e trabalha. A partir de 1970, viveu por oito anos em Milão, onde começou a desenvolver e expor seu trabalho em artes plásticas a partir de 1973. A artista participou de importantes mostras internacionais, como a 9ª Bienal de Paris, a 16ª Bienal de São Paulo, a 5ª Bienal do Mercosul e a Documenta 12, em Kassel, Alemanha. Além de comparecerem a individuais e coletivas em várias cidades do mundo, seus trabalhos integram importantes coleções, entre as quais, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP); Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP); Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Museu Nacional de Belas Artes, RJ; Museu do Açude, RJ; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio); Museu de Arte do Rio (MAR); Bronx Museum (EUA); Winnipeg Art Gallery (Canadá); e Daros Collection (Suíça).


Serviço

Exposição Iole de Freitas, anos 1970 / Imagem como presença

Abertura: sábado (6 de maio)

Visitação: até 24 de setembro

IMS Paulista

Entrada gratuita


Conversa com Iole de Freitas, Sônia Salzstein e mediação de João Fernandes

6 de maio, às 11h, no Cineteatro do IMS Paulista

Entrada gratuita. Lugares limitados (145 vagas).

Distribuição de senhas 60 minutos antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.

Evento ao vivo com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).


IMS Paulista

Avenida Paulista, 2424

São Paulo, SP

Entrada gratuita

Horário de funcionamento: Terça a domingo e feriados (exceto segundas), das 10h às 20h



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