Micha destaca-se por meio de suas expressões simbólicas, trazendo a força e o empoderamento feminino para a cena do grafite e da arte urbana
Artista Micha. Crédito: arquivo pessoal. |
Micha possui pinturas e esculturas espalhadas por diversos estados e cidades do Brasil, tais como Guarulhos, São Paulo, Florianópolis, Salvador e Caxias do Sul. Além disso, ela também tem trabalhos realizados em outros países, incluindo Suíça, Argentina, Alemanha e Uruguai. Suas obras estão presentes em locais como Santiago e Valparaíso, no Chile.
Projeto Street Art Tour, Florianópolis-SC. Crédito: arquivo pessoal. |
A artista de 39 anos é mãe de
uma menina de 16 anos e um menino de 9 anos. Formada em Publicidade e
Marketing, ela já trabalhou como modelo para pagar as contas, os estudos e os
materiais, pois ainda não vivia da arte. Durante esse período, Micha estudava
arte de forma autodidata, além de pintar e criar esculturas.
Arte grafite – bairro da Liberdade, São Paulo – SP. Crédito: arquivo pessoal. |
“Frequentei durante 10 anos e fazer parte daquele grupo fez toda diferença em minha jornada na arte e na vida. A partir de 2010, comecei a participar de inúmeros eventos de grafite, grandes projetos dentro e fora da cidade, exposições coletivas e, mais tarde, em importantes museus do Brasil, salões de arte, bienais e residências artísticas internacionais. Nesse caminho, conquistei medalhas de ouro e prata, além de menções honrosas”, conta Micha.
Ceagesp. Crédito: arquivo pessoal. |
“Pra mim, está muito além da estética ou do belo desenho. Hoje vivo 100% de arte, grafite e cenografia”, afirma Micha.
Super Nova festival-TNT/Adidas. Crédito: arquivo pessoal.
"Ele parte dos meus estudos sobre o universo interno do ser, influências externas, essência, psiquê, pinceladas quânticas, anatomia, neurociência e questões existenciais... Adoto então o coração para investigar, pois é um órgão de inteligência e importância vital, com simbolismo forte, além de ser o primeiro órgão a ser constituído no útero. A partir daí, sigo pesquisando toda a fisiologia do misterioso e tão complexo coração. Além de estar presente em minhas representações de pinturas e esculturas, ele também está."
Escultura-Bienal GFA, Memorial da América Latina. Crédito: arquivo pessoal. |
Escultura em instalação urbana na Lapa, São Paulo -SP. Crédito: arquivo pessoal. |
E complementa que a intenção
do coração é de “influenciar a disseminação das frequências eletromagnéticas
emanadas por outros corações”.
“Meus estudos e aprofundamentos para falar conceitualmente sobre o coração me levaram às pesquisas feitas por cientistas que estudam a fisiologia do coração no Instituto Heartmath, e que desvendaram, além de outras descobertas superinteressantes, a de que um coração é capaz de captar, decodificar e lapidar mensagens externas antes mesmo do alcance do cérebro. Isso acontece através de frequências eletromagnéticas circulares emanadas em sincronia com sua pulsação, projetada holograficamente para fora, alcançando até três metros ao redor desse coração e influenciando a transmutação em todo seu alcance, inclusive a mente e o coração de outros seres.”
Micha salienta que o coração
presente em suas obras e intervenções provavelmente capta e absorve alguma
mensagem daquela arte, não necessariamente científica, mas como forma da clássica
representação do coração enquanto símbolo do amor.
MIS Experience, abertura da mostra “500 anos de Leonardo da Vinci” - Sede do Banco Bradesco. Crédito: arquivo pessoal |
Isso faz com que a interpretação interna e externa desta obra pulsa instantaneamente, emanando uma energia eletromagnética capaz de modificar todo o contexto que o cerca, além de transmitir essa energia para outros corações, transmutando até o estado de espírito de outro ser.
“Essa frequência atinge todo o diâmetro do espaço onde vibra (muito parecido com o átomo) e isso é como uma ação viral... segue em constante transmissão, onde não é possível ver a olho nu, mas todos contaminados, de certo irão sentir e também transmitir... e assim sucessivamente...”
Arte grafite no Beco do Robin. Arquivo: BTW Guarulhos. |
Micha é uma presença constante
em eventos da cena local. Em 2020, ela participou da ação voluntária de
revitalização no Beco do Robin e contou como foi esta experiência:
“Foi bacana, pois Guarulhos cresce a cada dia! Possui uma cena forte de grafite e arte urbana. Acredito que a construção de um "Beco de Arte Urbana" agregue cultura e valor para o município. Guarulhos é um lugar ao qual sempre tive acesso, já pintei bastante por lá, participei de alguns eventos e projetos e tenho muitos amigos lá. Sou da Zona Norte de São Paulo, muito próximo! Ver que os artistas locais pensam na importância de promover eventos de arte e grafite na região, não precisando se deslocar para a Vila Madalena, e sim revitalizando um espaço que antes da arte era apenas um beco, faz crescer e valorizar tanto o movimento local de grafite como o município de Guarulhos”.
Encontro artistas grafiteiras "Dia Internacional da Mulher" (CPTM/Brás). Crédito: arquivo pessoal. |
Sobre a mulher na cena do
grafite, Micha destaca a figura feminina como um símbolo de luta:
“Toda a bagagem e peso histórico que carregamos, não nos faz desistir! Driblamos muitos obstáculos ao longo da história da mulher na arte. Somos muitas hoje, empoderadas, grandes artistas que têm mostrado força e talento em um território que nasceu masculino (o grafite) e se estruturou com o patriarcado. Porém, ao longo do tempo, fomos adentrando, conquistando espaços, promovendo grandes eventos e projetos para mulheres. Mesmo ainda hoje existindo muita misoginia no movimento, continuamos insistindo e lutando para dissolver essas estruturas, pois arte é para todes!”
Grafite em mura, Arujá-SP. Crédito: arquivo pessoal. |
Para finalizar, Micha tem uma mensagem tanto para as mulheres que desejam ingressar na cena do grafite quanto para as artistas que já fazem parte dela:
“Para as mulheres que querem entrar para o grafite e viver dele, não desistam, tudo é possível! O caminho não é fácil, especialmente para nós mulheres! Exige prática, atitude e amor. Tente conhecer as artistas mulheres de sua região, tanto as atuais quanto as contemporâneas. Tenham em mente que, assim como em todas as profissões, se você quer viver daquilo que escolheu, terá que estudar, se esforçar e se dedicar para crescer, se destacar e desenvolver meios sustentáveis. E para as mulheres que já estão na cena, continuem! Sempre valorizem e incluam novas mulheres artistas, dando oportunidades e acolhimento, pois essa é a melhor forma de crescermos unidas e maiores”.