Assim como o alfabeto Morse ou o Braille, o heavy metal é uma linguagem internacional. Ele é tocado e adorado por todo o mundo, na Europa e na América, nas selvas da Indonésia e no interior da Austrália
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Existe uma aura especial em torno do metal brasileiro, que fala dos sacrifícios que os artistas precisam fazer para serem uma banda de sucesso; das lutas que precisam enfrentar e dos obstáculos que precisam superar. "Ser uma banda do Brasil não é fácil", diz o fundador Rafael Bittencourt.
"Estamos geograficamente deslocados. Nossa economia torna difícil investir em equipamentos e outros recursos, é difícil ser sustentável, e a lista continua. Mas nossa cultura é uma grande mistura de diferentes culturas, e isso é a beleza dela", acrescenta.
"Aprendemos música nesse caldeirão cultural imenso, caótico e cacofônico, e nossas músicas nascem desse caos."
Desde seu lendário álbum de estreia, Angels Cry, em 1993, o ANGRA rapidamente se mostrou uma força a ser reconhecida, se tornando uma das maiores e mais importantes bandas de metal do Brasil. Cinco anos após o ambicioso "ØMNI," eles retornam para elevar o padrão mais uma vez. Um álbum monstruoso, nascido do fogo e da dor de tempos incertos. "Este é um álbum muito especial para nós por várias razões", analisa Bittencourt. "Nos últimos cinco anos, experimentamos muita dor, desafios, frustrações, glórias e sucessos em uma montanha-russa de emoções que se tornou um grande caldeirão de temas e inspirações." O pai de Bittencourt faleceu, seguido pelo ex-integrante Andre Matos, o Brasil estava sofrendo sob a Covid e o futuro da banda mais uma vez parecia incerto. "Estávamos isolados, atormentados, lidando com a sombra da doença e da morte diariamente. Hoje até parece surreal lembrar de tudo pelo que passamos. Como resultado, este é um álbum denso de experiência e dor acumulada."
Ouça o álbum Cycles of Pain: https://open.spotify.com/intl-
O trabalho mostra uma profundidade ao falar da dor e tristeza, mas também do vínculo duradouro que os membros compartilham. "Este é o terceiro álbum da terceira geração da banda, consolidando uma formação que começou há dez anos com a chegada de Fabio Lione e Bruno Valverde. Há oito anos, Marcelo Barbosa chegou na guitarra para completar essa encarnação." A formação atual, composta pelo guitarrista Rafael Bittencourt, pelo vocalista Fabio Lione, pelo guitarrista Marcelo Barbosa, pelo baixista Felipe Andreoli e pelo baterista Bruno Valverde, está pronta para conquistar o mundo mais uma vez. "Estamos todos em ótima forma e no auge de nossas carreiras", diz Bittencourt com orgulho.
"O que torna a formação atual tão forte é nossa maturidade como grupo e como indivíduos, e a excelente forma em que estamos como músicos. Em 32 anos, aprendemos muito com nossos erros e agora temos um ambiente de trabalho muito agradável, definido pela admiração, amizade e respeito. Fabio nunca cantou melhor em um álbum do ANGRA, Bruno Valverde é demandado por grandes artistas internacionais e é considerado um dos melhores bateristas do mundo, Marcelo Barbosa é um dos maiores guitarristas do mundo e Felipe Andreoli se consolidou como um grande compositor e baixista com o álbum solo Resonance, aclamado internacionalmente como uma obra-prima da música instrumental", conta Bittencourt. Há muitos motivos para ser otimista em relação ao futuro agora, e Cycles Of Pain está no topo dessa lista.
É a combinação da visão duradoura de Rafael Bittencourt e da empolgação dos novos membros que faz com que Cycles Of Pain se destaque na longa e reverenciada história do ANGRA. Escrito principalmente por Bittencourt e Andreoli e produzido por Dennis Ward, a equipe se retirou para o interior do Brasil por algumas semanas antes de entrar no Sonastério Studio, seguido pelo Elephant Office Studio, Greenhouse Studios e os estúdios individuais dos membros. Um álbum do ANGRA sempre exige tempo, esforço e dedicação. Desta vez, talvez mais do que nunca, cada um deles estava disposto a dar o seu melhor pelo melhor resultado possível.
"Sempre queremos soar modernos, mas somos uma banda clássica e a música não é tão moderna", resume o guitarrista. "Os arranjos são todos muito complexos, com muitos instrumentos, com uma grande teia de linhas musicais, e porque combinamos muitos ritmos, percussão, orquestras, corais e instrumentos acústicos, precisamos de espaço na engenharia para que tudo possa ser ouvido."
Dennis Ward é o homem certo para o trabalho: ele fez com que tudo soasse grandioso e impactante, com espaço suficiente para a orquestra, flautas, instrumentos acústicos e corais.
"É mais uma questão técnica, equilibrando a dinâmica, em vez de ter uma ideia específica ou som geral antes de começarmos a gravar", explica Bittencourt.
O épico conjunto de doze faixas inéditas conta a antiga história da vida e da morte, dos finais e dos começos, do sofrimento cíclico e da fuga para um estado semelhante ao nirvana. “O disco evoca diferentes perspectivas sobre a dor humana e os ciclos que a envolvem. Ele nos lembra que, enquanto a dor é inevitável, também é uma parte integral do crescimento e aprendizado. Ao reconhecer e enfrentar esses ciclos, podemos descobrir nossa força interior e encontrar um caminho para a cura e a transformação", diz o baixista Felipe Andreoli. "O álbum nos leva a contemplar nossa própria jornada de dor e a abraçar a esperança de que, apesar dos ciclos aparentemente intermináveis, sempre há uma luz no fim do túnel".
Liderado pela faixa de abertura e single principal 'Ride Into The Storm', um frenesi galopante de guitarras de thrash metal e arranjos progressivos, Cycles Of Pain pode muito bem ser o álbum mais diversificado do ANGRA até o momento. 'Dead Man On Display' é um monumento teatral de progressivo gótico, 'Tide Of Changes' canaliza a essência do QUEENSRŸCHE, enquanto 'Vida Seca' é talvez o momento mais brasileiro do álbum, enriquecido com vocais convidados do lendário artista brasileiro LENINE. 'Gods Of The World' é uma afirmação de heavy metal com assinaturas de tempo ímpares, antes de 'Generation Warriors' partir para o power metal. Em resumo, não há nada que a banda não possa fazer no momento. E transformar sua maior crise em sua maior vitória é um testemunho de sua forma impecável.
O novo álbum pode ser adquirido na Nerdstore (https://nerdstore.com.br/
FAIXAS:
- Cyclus Doloris
- Ride Into The Storm
- Dead Man On Display
- Tide Of Changes - Part I
- Tide Of Changes - Part II
- Vida Seca
- Gods Of The World
- Cycles Of Pain
- Faithless Sanctuary
- Here In The Now
- Generation Warriors
- Tears Of Blood
- Here In The Now (Vanessa Moreno Version) [Bonus Track]
Formação:
Fabio Lione | vocals Rafael Bittencourt | guitars Marcelo Barbosa | guitars
Felipe Andreoli | bass Bruno Valverde | drums