A série de sucesso do BTW Guarulhos está de volta, trazendo novas histórias e talentos da arte urbana da cidade. Nesta retomada, o portal conversou com dois artistas visuais que têm uma longa trajetória no graffiti: Sérgio “Biro” e Claudinei Monteiro
Ao longo de suas carreiras, Sérgio "Biro" e Claudinei Monteiro se dedicam a promover o graffiti como uma forma de expressão artística legítima e de transformação social. Ambos, além de artistas, são educadores da rede estadual de ensino, levando arte urbana para as escolas de Guarulhos.
Sérgio "Biro": 30 anos de arte urbana
Sérgio Biro iniciou sua trajetória em 1992, quando ainda era aluno da Escola Estadual Dom Paulo Rolim Loureiro, no bairro da Ponte Grande, em Guarulhos. Naquela época, a arte urbana ainda lutava para ser reconhecida, mas Biro já estava envolvido com o movimento, inicialmente pela pichação. Sua paixão pela arte cresceu ao conhecer o grafiteiro Japa, uma referência na cidade, e a partir daí, juntou-se à crew Calibre, que está prestes a completar 30 anos de atividades.
"Minha história é antiga, comecei em 1992, quando estudei com o Japa, um grafiteiro super conceituado em Guarulhos. Foi aí que conheci a família Pinel e o Pato, da tatuagem. Então montamos a crew Calibre, e agora estamos completando 30 anos", relembra Biro.
Claudinei Monteiro: a arte como janela para o mundo
Claudinei Monteiro, outro grande nome do graffiti em Guarulhos, começou sua carreira em 2012. Seu ponto de partida foi o evento "Intervenções", que acontecia aos domingos no Lago dos Patos, na Vila Galvão. Foi lá que ele conheceu Biro e se aproximou do mundo do grafite.
"Comecei em 2012, pintando aos domingos no 'Intervenções', no Lago dos Patos. Foi lá que conheci o Biro e a família do graffiti", conta Claudinei.
Dentro do olho, o artista traz referências de um casal de passarinhos, simbolizando ele e sua namorada, Priscila. Crédito: Reprodução |
Além de grafiteiro, Claudinei é um artista plástico que busca inspiração em suas viagens ao redor do mundo. Já passou por 36 países, trazendo referências diversas para suas obras. Sua arte é marcada por elementos do surrealismo, que podem ser vistos nas expressões dos olhos e nas representações da relação entre homem e natureza.
A primeira experiência de Claudinei com o graffiti foi justamente no Lago dos Patos, durante os encontros "Intervenções", organizados por Adriana Lins, fundadora do projeto FIARTs (Feiras Itinerantes de Arte e Cultura). Esses eventos foram um marco para Claudinei, que começou a desenvolver seu estilo pintando grandes painéis e muros pela cidade.
A arte de Claudinei Monteiro remete ao surrealismo, que está presente nas expressões dos olhos e no movimento entre o homem e a natureza. Crédito: Arquivo pessoal |
O surrealismo, presente nas obras de Claudinei, explora a dimensão do inconsciente e do irracional, propondo uma mudança na maneira como as pessoas enxergam a vida, a sociedade e a própria arte.
Arte como educação e transformação
Ambos os artistas grafiteiros, Biro e Claudinei, não apenas levam a arte do graffiti às ruas, mas também a inserem no cotidiano escolar. Como educadores, eles oferecem aos jovens a oportunidade de conhecer e praticar a arte urbana, promovendo o graffiti como uma forma de expressão que pode se transformar em uma carreira profissional.
A retomada da série do BTW Guarulhos vem justamente para destacar a relevância da arte urbana na cidade, mostrando a arte como um instrumento de transformação cultural e social. O trabalho de artistas como Biro e Claudinei é prova de que o graffiti em Guarulhos tem grande relevância, inspirando novas gerações e construindo um legado duradouro.