Em uma tentativa de conter a escalada do dólar, o Banco Central realizou nesta quinta-feira (19) um segundo leilão de dólares no mercado, totalizando US$ 5 bilhões. A medida ocorreu após a moeda americana atingir a marca recorde de R$ 6,30, mesmo com um primeiro leilão de US$ 3 bilhões mais cedo.
Com a nova intervenção, o dólar recuou para R$ 6,1495, representando uma queda de 1,69% em relação ao fechamento da quarta-feira (R$ 6,2657).
Recorde de intervenções
Desde a última quinta-feira (12), o Banco Central já injetou US$ 20,7 bilhões no mercado, marcando o maior volume de intervenções em um único mês desde março de 2020. As operações ocorrem em meio a preocupações com o controle fiscal e fatores externos, como a política monetária de grandes economias.
Reação do governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre o comportamento da moeda americana, reiterando que o câmbio no Brasil é flutuante e deve se estabilizar. “A previsão de inflação para o ano que vem e de câmbio para o ano que vem é melhor do que os cenários especulativos apontam”, afirmou.
O ministro também defendeu a atuação do Banco Central e do Tesouro Nacional para coibir movimentos especulativos. Recentemente, o Tesouro anunciou leilões de recompra de títulos públicos como parte das ações para estabilizar o mercado.
Perspectivas econômicas
Para analistas, o principal desafio que pressiona o dólar é a questão fiscal. Segundo Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, medidas que indiquem uma trajetória sustentável para a dívida pública são cruciais. “Não significa que a dívida deve parar de subir amanhã, mas é essencial mostrar que ela não crescerá indefinidamente.”
Além disso, Salles destacou que a alta de juros, tradicionalmente usada para atrair capital externo e conter o câmbio, tem perdido eficácia. “Num cenário de dívida elevada, o aumento dos juros eleva rapidamente o déficit público, piora a trajetória da dívida e pressiona o dólar”, explicou.
Impactos futuros
O patamar atual do dólar continua alimentando preocupações sobre inflação e política monetária. Especialistas alertam que, sem ajustes adicionais na política fiscal, o Banco Central poderá ser forçado a manter os juros elevados por mais tempo, impactando o crescimento econômico.