O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (27) que as tarifas comerciais dos Estados Unidos podem gerar impactos duplos na inflação brasileira, podendo pressionar o IPCA para cima ou até mesmo ajudar na sua desaceleração. Tudo vai depender de como o câmbio e a economia global irão reagir às medidas.
No Relatório de Política Monetária (RPM), o BC explicou que, caso as tarifas causem valorização do dólar e redução do apetite por risco nos mercados, haverá um efeito de alta nos preços, aumentando o custo de importados e pressionando o câmbio. Porém, se o comércio global desacelerar e o dinamismo econômico cair, o cenário pode favorecer o real e aliviar as pressões sobre a inflação no Brasil.
Banco Central já considera as tarifas dos EUA no seu balanço de riscos
De acordo com o documento, esses dois efeitos já estão previstos no balanço de riscos da instituição:
- Risco de alta no IPCA: fortalecimento do dólar e redução do apetite global por risco podem depreciar o real e impulsionar a inflação brasileira.
- Risco de queda no IPCA: uma economia global mais fraca e redução na expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos, pelo Federal Reserve (Fed), podem favorecer o real e diminuir os preços internos.
Já o risco de baixa considera que uma desaceleração econômica mais forte nos EUA e no mundo pode reduzir os juros americanos e o preço das commodities, aliviando o IPCA no Brasil.
A discussão ganhou destaque com as especulações de que o governo norte-americano, liderado por Donald Trump, poderá adotar novas tarifas sobre a importação de cobre e veículos, elevando as tensões no comércio internacional.