Os preços da energia elétrica residencial tiveram alta de 16,80% em fevereiro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O reajuste impactou diretamente a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou o mês com avanço de 1,31%, o maior para fevereiro desde 2003.
De acordo com o IBGE, o aumento expressivo na conta de luz se deve ao fim do Bônus de Itaipu, benefício aplicado em janeiro que concedeu descontos de até R$ 49 na fatura de milhões de consumidores. Sem esse abatimento, os valores voltaram ao patamar normal, resultando na alta significativa registrada em fevereiro.
Além da energia elétrica, outros serviços essenciais também ficaram mais caros. A taxa de água e esgoto, por exemplo, subiu 0,14% no mês, refletindo reajustes em cidades como Campo Grande e Belo Horizonte.
Educação, combustíveis e alimentação também pesam no bolso
A inflação de fevereiro não foi puxada apenas pela energia elétrica. O grupo Educação registrou a maior alta percentual do mês, com aumento de 4,70%, refletindo os reajustes das mensalidades escolares. O ensino fundamental teve aumento médio de 7,51%, seguido pelo ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%).
No setor de Transportes, a alta foi de 0,61%, impulsionada pelos preços dos combustíveis. A gasolina subiu 2,78%, o etanol 3,62% e o diesel 4,35%. Já a alimentação dentro de casa ficou 0,70% mais cara, com destaque para o aumento no preço dos ovos (+15,39%) e do café moído (+10,77%).
Inflação acumula 5,06% em 12 meses
Com o aumento registrado em fevereiro, o IPCA acumula alta de 1,47% no ano e 5,06% nos últimos 12 meses. O índice supera o teto da meta de inflação do Banco Central, que é de 4,50% ao ano.
O cenário de inflação elevada pode levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a manter ou até elevar a taxa de juros (Selic), atualmente em 13,25% ao ano. A alta nos juros encarece o crédito, reduzindo o consumo e impactando a economia.
Especialistas alertam que a inflação dos serviços, que inclui mensalidades escolares, salões de beleza, aluguel e turismo, segue elevada, registrando aumento de 5,32% nos últimos 12 meses. Esse fator pode dificultar a desaceleração da inflação nos próximos meses.
Perspectivas
A expectativa do mercado financeiro era de uma alta de 1,30% no IPCA de fevereiro, um número próximo ao registrado. No entanto, a forte alta nos preços administrados, como energia e combustíveis, aumenta a preocupação com o controle da inflação ao longo de 2025.
Com os novos dados, economistas projetam que o Banco Central pode adotar uma postura mais conservadora nas próximas decisões sobre juros, de olho na evolução da inflação nos próximos meses.