O IPCA de agosto teve queda de 0,11%, primeira deflação em 12 meses. Habitação, alimentação e transportes puxaram a baixa, segundo o IBGE.
IPCA tem primeira deflação em um ano
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,11% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma desaceleração de 0,37 ponto percentual em relação à alta de 0,26% de julho e marca a primeira deflação desde agosto de 2023.
No acumulado de 2024, o IPCA subiu 3,15%, enquanto a taxa em 12 meses ficou em 5,13%, abaixo dos 5,23% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Grupos que puxaram a queda
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, cinco tiveram variação negativa. Os maiores recuos vieram justamente dos três segmentos de maior peso no índice:
- Habitação: -0,90%
- Alimentação e Bebidas: -0,46%
- Transportes: -0,27%
Entre as altas, os destaques ficaram para Educação (+0,75%) e Despesas Pessoais (+0,40%).
Energia elétrica foi decisiva
O grupo Habitação teve o menor resultado para meses de agosto desde o início do Plano Real. A principal contribuição veio da energia elétrica residencial, que caiu 4,21%.
O movimento foi influenciado pela incorporação do Bônus de Itaipu, um repasse aplicado quando há saldo positivo na Conta de Comercialização da usina hidrelétrica, creditado diretamente nas faturas de agosto.
Apesar disso, a bandeira tarifária vermelha patamar 2 seguiu em vigor no mês, acrescentando R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
Alimentação: queda no tomate, batata e arroz
O grupo Alimentação e Bebidas, que tem o maior peso no IPCA, apresentou a terceira queda seguida, após -0,18% em junho e -0,27% em julho. Em agosto, os alimentos para consumo no domicílio recuaram 0,83%, puxados por itens básicos:
- Tomate: -13,39%
- Batata-inglesa: -8,59%
- Cebola: -8,69%
- Arroz: -2,61%
- Café moído: -2,17%
Já a alimentação fora do domicílio desacelerou de 0,87% em julho para 0,50% em agosto. O lanche passou de 1,90% para 0,83%, e a refeição de 0,44% para 0,35%.
Transportes: passagens aéreas e combustíveis em queda
O grupo Transportes caiu 0,27%, com destaque para as passagens aéreas (-2,44%) e para os combustíveis (-0,89%).
- Gás veicular: -1,27%
- Gasolina: -0,94%
- Etanol: -0,82%
- Óleo diesel: +0,16%
Contexto econômico
A deflação de agosto reflete, sobretudo, fatores sazonais e ajustes pontuais, como o repasse do bônus de Itaipu e a queda dos preços de alimentos in natura. Ainda assim, os números reforçam a tendência de desaceleração da inflação em 2024, o que pode influenciar futuras decisões de política monetária.