A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (14) o registro definitivo da vacina contra a chikungunya desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva. O imunizante poderá ser aplicado em pessoas com 18 anos ou mais em todo o território nacional.
A vacina foi testada nos Estados Unidos com 4 mil voluntários entre 18 e 65 anos e demonstrou alta eficácia: 98,9% dos participantes produziram anticorpos neutralizantes, mantendo níveis robustos por pelo menos seis meses. Os dados foram publicados na revista The Lancet.
Já aprovada pela FDA (agência reguladora dos EUA) e pela EMA (União Europeia), essa é a primeira vacina autorizada contra a chikungunya no mundo. Em 2024, a doença afetou mais de 620 mil pessoas globalmente — sendo Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia os países mais impactados.
Produção nacional e incorporação ao SUS
O Instituto Butantan também trabalha em uma versão nacional do imunizante, com insumos brasileiros, visando a incorporação ao SUS. A expectativa é que, após aprovação da CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), a vacina seja inicialmente distribuída em regiões endêmicas, onde a doença é mais frequente.
Segundo Esper Kallás, diretor do Butantan, o imunizante é pioneiro por ter sido aprovado com base na resposta imunológica (produção de anticorpos), e não em estudos de eficácia tradicional, por conta da baixa circulação do vírus em algumas regiões.
Estudos com adolescentes no Brasil
No Brasil, um estudo clínico com adolescentes também mostrou resultados promissores: 100% dos jovens que já haviam tido a doença e 98,8% dos que nunca tiveram desenvolveram anticorpos após uma dose, com proteção mantida em 99,1% após seis meses.
Sobre a chikungunya
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a chikungunya provoca febre alta e intensas dores nas articulações. Pode levar à dor crônica e incapacitação prolongada. Em 2024, o Brasil registrou 267 mil casos prováveis e 213 mortes pela doença, segundo o Ministério da Saúde.
Enquanto a vacina não é amplamente distribuída, o combate ao mosquito transmissor continua essencial, com eliminação de criadouros e cuidados com água parada em ambientes domésticos.