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Série “Arte Urbana em Guarulhos” traz percepções sobre a arte do grafite na cidade

Sete artistas grafiteiros da cidade participaram da série de matérias especiais sobre a arte do grafite e a transformação do espaço urbano.


A série especial “Arte Urbana em Guarulhos”, idealizada pela jornalista Rosângela Cafasso, revelou a cada matéria, novas percepções sobre a arte do grafite e as transformações geradas pelas intervenções artísticas no espaço urbano da cidade de Guarulhos. Ao todo participaram sete artistas, guarulhenses e moradores da cidade.

A arte urbana e, especificamente, o grafite, tiveram suas origens no bairro nova-iorquino do Bronx (New York/EUA). Durante a década de 1970, a exclusão social era evidente, foi neste contexto que nasceu uma cultura de protesto, cujos padrões de expressão eram o rap, o break dance e o próprio grafite. No Brasil, a arte chegou no fim dos anos 70. (Fonte: Mundo Educação/UOL).

O grafite possui uma linguagem própria e durante as entrevistas para a série (disponível no site BTW Guarulhos), trouxe uma percepção única sobre esta cena: a cultura urbana baseada no respeito e na união das pessoas.

O primeiro entrevistado para a série foi o artista plástico e grafiteiro Jotapeg, conhecido por suas formas, expressões, cores e quebra-cabeças.

Pintura sobre tela. Imagem: Jotapeg

Jotapeg contou em entrevista, como os grafiteiros criam suas assinaturas por toda a cidade e marcam sua presença, conquistando novos espaços físicos por meio de uma marca territorial que cria e reforça o sentimento de pertencimento.
"É possível criar conversas com elementos distintos que podem estar em conjunto para expandir além do local, representa as comunidades e sociedades em constante mudança em que todos vivemos”, fala Jotapeg.

Quem passa em frente ao CEU Continental, no Parque Continental II, logo se encanta com a gigantesca arte composta de peças de um quebra-cabeças e realizada na parte externa do prédio, como forma de representar a bandeira da cidade de Guarulhos, a arte é de autoria do artista Jotapeg.

É importante frisar que a arte do grafite não necessita estar num local específico como museus para ser exposta e acessada, esta arte pode ser vista caminhando pelas ruas e é uma fala unânime dos entrevistados.

A série oportunizou um grande encontro com o artista plástico e grafiteiro Rim Chiaradia. Nascido e criado em Guarulhos, Rim ficou muito conhecido por sua forma única de expressão e temas voltados para o feminino e a natureza, influências de grandes artistas do cubismo como Portinari e Picasso, o artista possui obras espalhadas pelo mundo, e em destaque, na Espanha e Holanda.

Rim Chiaradia é reconhecido no Brasil e no exterior por sua forma única de expressão artística. Foto: Arte sobre tela/autoria do artista.

“Comecei esporadicamente quando era jovem, com pichações. Após pintar a própria rua para comemorar a Copa de 1994, interessei pelo grafite em São Paulo (capital), nessa época trabalhava como office boy. Foi em 1997 que larguei tudo e fui dedicar a arte”, conta Rim.

Rim Chiaradia fez a sua primeira exposição em 1997, na cidade de Guarulhos (Biblioteca Monteiro Lobato). Desde então, partiu para as artes sobre paredes externas e telas que definem notavelmente sua perspectiva. Um dos trabalhos mais recentes, Rim Chiaradia grafitou o muro da E.E. Alice Chuery, região central, no local está trabalho autoral do artista "Gru - o Peixe", em referência ao peixe guaru que deu origem ao nome da cidade.

Neste contexto, o artista plástico e também grafiteiro Claudinei Monteiro possui uma característica artística única e muito conhecida pelos artistas do cenário. Claudinei é viajante nato, gosta de aventura e conhecer novas culturas, já passou por 36 países e trouxe referências para sua obra: o surrealismo, presente nas expressões do olho e o movimento do homem e da natureza.

Artista Plástico e Grafiteiro guarulhense Claudinei Monteiro junto da sua obra, Jardim Fortaleza. Imagem: arquivo pessoal.

As cores e as formas vistas nas artes de Claudinei Monteiro conferem um dinamismo que transmite emoções positivas dentro do imaginário criado pelo artista.
“A primeira exposição dos trabalhos de Claudinei aconteceu no Centro de Exposições de Arte Prof. José Ismael”, conta o artista plástico e grafiteiro.

Esta experiência aconteceu no Lago dos Patos, Vila Galvão em Guarulhos, Claudinei participou do “Encontro Intervenções”, o evento aconteceu no último domingo de cada mês, entre os anos de 2009 e 2010.

A arte do grafite não tem limites para a criatividade, os cenários criados por artistas urbanos se misturam ao dia a dia das pessoas, e cada um possui um foco, olhar e técnica. O grafiteiro Iuri Sully trouxe para suas artes personagens de filmes, séries e HQs.

Arte geek de autoria do grafiteiro Iuri Sully. Foto: Arquivo pessoal.

“O interessante do grafite é a arte estar na rua e não dentro de um museu. Dessa forma a arte não se limita”, fala Iuri.

Durante a pandemia, Iuri contou que foi durante este período que despertou seu interesse para o grafite mais intensamente, começou pintando muros autorizados como forma de aprimorar sua arte e buscando originalidade e suas obras estão podem ser vistas na região da Alameda Yayá.

Imagine reunir grafite e a paixão pelo universo geek num só lugar!. O Beco do Robin foi tema da série “Arte Urbana em Guarulhos” e mostrou como muitos bairros, através das ações coletivas, conseguiram trazer mais cores para as ruas através da arte do grafite.

Rob Urso posa em um dos acesso ao Beco do Robin, o local possui várias artes com a temática geek. Imagem: arquivo pessoal.

E através da arte grafite Rob Urso conheceu o grafiteiro Iuri Mattos e juntos idealizaram o Beco do Robin, localizado entre as ruas Diva e Sargento Rubens, no bairro Parque Santo Antônio.

O Beco do Robin conta com trabalhos dos artistas: Evol, Monster Ectoplasma, Micha,  Iuri Sully, Loris, Caluz, Riska Vicia, Dies, Jones, Rim Chiaradia, Claudinei Monteiro, Robson Melancia, Pretoman, Big Zulu, Vinni, Sidão, Goró, Fnd, Drick-775, Nega do Leite, Julid145 e Elvis Morão.

Proporções de letras, mandalas e personagens estão muito presentes na arte do grafite, residente em Guarulhos, o artista grafiteiro Dont sempre procurou criar interações com artistas de técnicas diferentes e foi durante a fase escolar que despertou o interesse e percepção sobre a arte urbana e os diferentes espaços na cidade.

Mandala pintada por Dont. Imagem: arquivo pessoal.

Para Dont, “a mandala, a letra e os outros elementos trazem a versatilidade nas criações. Os elementos conversam e não criam barreiras criativas”.

Dont levou sua arte para as regiões periféricas da cidade e conta que as crianças “sempre querem participar da pintura dos muros” e faz uma reflexão sobre a situação:
“A sociedade está bloqueando a criança que tem contato com arte de rua, a arte é a mesma, seja num muro com reboco ou tijolo”.

Por fim, a série “Arte Urbana em Guarulhos” encerrou a edição deste ano com a participação do grafiteiro e artista plástico Marcos Mack, conhecido pelo uso de cores vibrantes e alegres. Nascido no Ceará, Marcos Mack mora em Guarulhos desde os seis anos de idade e atualmente reside no Jd. Cumbica.

Muro grafitado com personagens - autoria Mack, Guarulhos. Imagem: arquivo pessoal

Mack conta que foi no ano de 2008 quando começou na arte, iniciando na arte das letras, neste período começou a pintar muros autorizados para criar novas formas de escritas e levou sua arte para várias regiões da cidade e o levou de volta a sua terra natal.
“O grafite chegou a um nível que não imaginava, me leva a lugares diferentes, como no meu estado natal, o Ceará”, conta Mack.

O artista cria cenários que trazem mensagens positivas e otimistas, dando mais vida aos muros espalhados por toda a cidade. Atualmente, o artista trabalha com cores e criou personagens próprios e levou sua arte para as paredes das entradas dos Blocos B e D no Parque Ecológico do Tietê.

A série “Arte Urbana em Guarulhos” deste ano mostrou como a arte urbana na cidade está além dos muros e repercute, através deste movimento artístico global que representa as comunidades e sociedades, a constante  mudança na qual todos vivemos. Espera-se que a cidade de Guarulhos se torne, com o tempo, uma grande galeria a céu aberto como o que já está acontecendo na capital e em muitas outras regiões. A arte do grafite pode ser considerada uma arte livre, e essa liberdade é o que a torna uma das expressões artísticas mais surpreendentes.

A série terá continuidade em 2023 e trará as artistas visuais e grafiteiras para falar sobre o trabalho artístico  e a arte urbana na cidade.

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